- Área: 6698 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Estudio Urquiza (Ignacio Urquiza)
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Escola Bancária e Comercial fica no norte de Mérida, México, e é o segundo campus desta instituição nesta cidade. O novo edifício está localizado em uma região em crescimento e busca atender um grande número de estudantes. Para o desenvolvimento do projeto, foram levados em conta três fatores particulares que determinaram tanto o layout do edifício quanto sua materialidade e funcionamento: o programa, o terreno e as características bioclimáticas da região.
As características bioclimáticas de Mérida são extremas: trata-se de uma cidade muito quente, úmida e que recebe muito calor da luz direta do sol. Ventos e chuvas ocasionais também eram fatores que deveriam ser abordados cuidadosamente. A aparência do campus - maciço e pesado - responde à sua orientação e à disposição dos usos que cada volume abriga. Ele é praticamente opaco para o sul, leste e oeste, e completamente aberto para o norte, o que evita a mudança da luz e as altas temperaturas e busca uma luminosidade uniforme para todos os espaços de aprendizado e trabalho. Sua materialidade uniforme é composta exclusivamente de chukum, um material típico da região que proporciona durabilidade e baixa manutenção.
O briefing e o programa de um campus com estas características é muito particular e preciso, pois ele deveria contemplar 12 salas de aula para 18 alunos, 9 salas para 30 alunos e 7 para 40 alunos. Além disso, salas equipadas para aulas on-line, um auditório com capacidade para 40 pessoas, uma sala multiuso que poderia ser configurada como auditório para até 200 pessoas, uma cafeteria, um centro de aprendizado com biblioteca e salas de trabalho, um pátio para receber eventos com toda a comunidade estudantil, uma academia, uma área administrativa e diferentes áreas de serviço.
O terreno é retangular e estreito, com 30 por 140 metros, com três de seus lados limitados por vias de tráfego e apenas um com um futuro vizinho. O projeto é desenvolvido a partir de uma distribuição linear composta de seis edifícios que abrigam um programa fragmentado organizado em blocos. Os usos de cada edifício são distribuídos de forma precisa, afim de organizar o programa de forma a ativar o espaço público e o ponto de encontro entre os edifícios, modulando assim todo o campus dentro de um relógio multiuso.
O primeiro deles contempla o acesso e edifício administrativo. O segundo prédio é público e flexível em seu uso, e inclui a sala multiuso, o refeitório interno e externo e o centro de aprendizado. Este volume está posicionado no centro do campus, e seu térreo se abre para a praça central e funciona como um ponto de encontro em cada um de seus três níveis. O terceiro edifício é o volume mais alto com a menor área útil; abriga os serviços e as circulações verticais. O quarto é o prédio educacional, com 28 salas de aula distribuídas em quatro pavimentos. O quinto volume, ainda não construído, está previsto como uma extensão de nove salas para o futuro crescimento do campus. Hoje, suas fundações são utilizadas como quadra poliesportiva e polivalente. O sexto edifício é o único elemento de um pavimento e abriga os equipamentos, as salas de máquinas e a área de manutenção do campus.
A planta destes seis volumes gera espaços que, como uma espécie de sequência de praças, complementam o conjunto. Sua implantação obedece à orientação e incidência solar: o projeto funciona como uma grande parede que fornece sombra sobre o espaço público. A praça central é um espaço de encontro ao ar livre que permanece sombreada durante a maior parte do dia. Por outro lado, a fragmentação dos volumes permite que o vento circule e promova a ventilação cruzada ao longo do dia e, uma vez que os volumes são duros, em vez de resistir, permitem que o vento atravesse de maneira fluida.
Estes seis edifícios foram dispostos em um eixo central que conecta no primeiro pavimento os dois acessos, a entrada principal e o estacionamento. Nos níveis seguintes, um corredor linear de três metros de largura, ininterrupto, liga cada um dos volumes por meio de pontes, às vezes no centro e às vezes nos lados, onde cresce até 4,5 m de largura e atua como um guarda-chuva na estação chuvosa e na ocorrência de fortes ventos do norte. Nos últimos edifícios educacionais que tivemos a oportunidade de projetar, concentramos nossa atenção não no espaço construído - as salas de aula - mas no vazio e nas circulações, nos espaços que conectam todas as salas de aula com programas particulares. Neste caso, este corredor, que ganha uma forma diferente a cada pavimento, gera um espaço de encontro fora da sala de aula.